O Intruso, capítulo 3: Encontrando Padrões

Joana começa a catalogar as interações com o intruso e encontra conexões entre suas emoções e a força dele. Em um confronto, ela descobre que pode enfraquecê-lo aceitando suas próprias fraquezas. Mas o intruso adapta suas estratégias, mostrando que ele não é tão fácil de derrotar quanto parece.

Joana sentia que algo mudava. Cada confrontação com o intruso deixava suas marcas — não apenas nela, mas também nele. Era como se, por mais forte que ele se tornasse, houvesse falhas em sua forma, rachaduras que Joana começava a perceber.

Ela decidiu catalogar cada interação. Em um caderno pequeno, anotava tudo: os momentos em que ele aparecia, as palavras que ele dizia, os sentimentos que despertava. Foi então que percebeu um padrão. O intruso se fortalecia não apenas quando ela tinha medo, mas também quando hesitava, quando deixava a dúvida a consumir. Mas havia algo mais: sempre que Joana agia com decisão, ele recuava, mesmo que por pouco tempo.

Numa noite particularmente silenciosa, Joana realizou um experimento. Ela preparou o ritual descrito no livro novamente, mas desta vez, com uma modificação baseada em suas anotações. Quando o intruso apareceu, a figura sombria não tinha mais o mesmo ar de confiança.

“Você acha que isso é progresso?” ele zombou, mas sua voz parecia menos poderosa, como se ecoasse de longe. Joana não respondeu. Em vez disso, deu um passo à frente, encarando-o diretamente.

“Eu vejo você,” ela disse. “E sei que tem medo. Medo de que eu te compreenda, medo de que eu te destrua.”

O intruso hesitou, suas bordas se desmanchando como fumaça ao vento. Ele tentou contra-atacar, inundando sua mente com visões de memórias dolorosas, mas desta vez Joana estava preparada. Cada imagem era recebida com calma. Ela as reconhecia, aceitava, e não deixava que a consumissem.

“Você não pode mais me controlar,” disse com firmeza. O intruso urrou, sua forma oscilando entre densidade e vazio. “Você precisa de mim,” ele insistiu. “Sem mim, você não é nada.”

“Errado,” ela respondeu. “Com você, eu sou incompleta.”

A batalha continuou, mas algo mudara. Joana começava a entender que cada confronto era uma oportunidade. Ao encarar suas memórias, ao aceitar suas fraquezas, ela estava tirando do intruso a fonte de seu poder. O padrão ficava claro: o que ele mais temia era ser visto não como um adversário, mas como parte de algo maior que ela poderia integrar.

Nas noites seguintes, ela enfrentou novos desafios. O intruso adaptava-se, tentando manipular suas emoções de maneiras mais sutis. Uma noite, ele surgiu como uma figura querida do passado, tentando enganar Joana com palavras gentis. Mas agora ela sabia reconhecer os truques dele.

“Você não é real,” ela afirmou, e a figura se desfez como vidro quebrando.

Cada pequena vitória a fortalecia. Mas Joana sabia que a batalha final ainda estava por vir, e o intruso, mesmo enfraquecido, não desistiria tão facilmente. Ele estava aprendendo, assim como ela.