A Fúria da Bruxa, capítulo 5: O Retorno de Elara

Em meio à execução, algo sobrenatural ocorre. Elara retorna de forma inesperada, trazendo consigo uma mudança que abala o vilarejo. Sua presença se torna um marco, confrontando os moradores com as consequências de suas escolhas.

O fogo crepitava alto, e os gritos de “ENFORQUEM A BRUXA!” ecoavam pela praça de Plockton. Os aldeões, de olhos cheios de fúria e medo, amontoavam-se ao redor da pira, onde Elara jazia aprisionada, acorrentada, a corda cada vez mais apertada em seu pescoço. Mas, no instante em que as cordas a venceriam, o ar mudou. Um vento gelado varreu a praça, apagando as tochas e silenciando a multidão.

Os olhos de Elara, antes cansados e conformados, abriram-se, brilhando com uma luz que não era deste mundo. As correntes que a prendiam se desfizeram em cinzas, e ela se ergueu lentamente, sua figura envolta em uma aura sombria. Um silêncio sepulcral tomou conta da multidão enquanto a bruxa, agora transformada, caminhava para fora da pira intacta, cada passo ecoando como um trovão.

“Vocês me chamaram de bruxa,” sua voz soou, grave e poderosa, reverberando como um trovão. “E eu aceitei esse título. Vocês me temeram, me odiaram, e agora conhecerão o preço de sua ignorância.”

Os aldeões recuaram, alguns caindo de joelhos, outros murmurando preces desesperadas. Eloys, o prefeito, que antes ostentava um sorriso triunfante, agora estava pálido como a morte. Ele tentou falar, mas sua voz falhou, e ele apenas balbuciou palavras desconexas.

Elara ergueu as mãos, e a terra sob seus pés tremeu. “Plockton, vocês que se alimentam de ódio e ignorância, serão amaldiçoados por sua crueldade.” Sua voz se tornou mais alta, ecoando pela praça e além. “A partir de hoje, suas colheitas apodrecerão, seus rios secarão, e suas noites serão assombradas pelo que fizeram aqui. Cada lágrima que derramei será devolvida em dor e desespero.”

O céu, antes limpo, escureceu. Nuvens negras se formaram sobre o vilarejo, e um trovão ensurdecedor rasgou o ar. Uma chuva de cinzas começou a cair, cobrindo tudo e todos em uma névoa sufocante.

Eloys, tremendo, deu um passo à frente. “Não! Por favor!” ele implorou, sua arrogância se desmanchando em pavor. “Nós… Nós não sabíamos!”

Elara se virou para ele, seus olhos brilhando com desprezo. “Você sabia, Eloys. Sempre soube. Mas escolheu a crueldade para alimentar seu ego frágil. Agora, você colherá o que plantou.”

Com um gesto de sua mão, Eloys foi lançado ao chão, incapaz de se mover. Os aldeões gritavam, mas ninguém ousava se aproximar. Elara, finalmente, ergueu-se uma última vez, sua voz preenchendo o ar.

“Eu fui queimada por amar, por curar, por proteger. Agora, vocês arderão em sua própria maldade. Plockton será uma memória esquecida, consumida por sua ignorância e ódio.”

Com essas palavras, um vento violento soprou pela praça, apagando qualquer vestígio de fogo. Quando cessou, Elara não estava mais lá. O vilarejo, no entanto, fora transformado. As casas começaram a ruir, as plantações morreram em instantes, e o rio que corria próximo tornou-se um fio de lama.

Os sobreviventes olharam ao redor, incapazes de compreender a magnitude do que haviam provocado. Eloys, agora reduzido a um homem quebrado, chorava em silêncio, percebendo que o preço de sua farsa finalmente havia sido cobrado.