O Intruso, capítulo 5: A Aliança e O Desfecho

Clara, amiga de Joana, percebe seu sofrimento e oferece ajuda. Juntas, elas preparam um ritual em uma clareira cercada por espelhos para enfrentar o intruso. Durante o confronto, ele ameaça Clara, quase quebrando sua determinação. No momento mais crítico, Joana canaliza sua força e a de Clara, usando luz interior e os reflexos para enfrentar o intruso em uma batalha decisiva.

Décima Parte: A Aliança

Joana não sabia quanto tempo havia se passado desde que caíra no vazio. Tudo parecia perdido, mas uma voz inesperada rompeu o silêncio: “Joana, está me ouvindo?” Era Clara, sua amiga de longa data. Joana sentiu um lampejo de esperança ao perceber que não estava sozinha. Clara havia notado as mudanças em Joana — os momentos de ausência, os olhares vazios — e decidiu intervir.

“Eu sei que você está lutando contra algo,” disse Clara, ao encontrá-la na biblioteca. “Por favor, me deixe ajudar.”

Joana hesitou. Como poderia explicar algo que nem ela compreendia completamente? Mas ao olhar nos olhos da amiga, viu uma determinação que espelhava a sua própria.

“Ele é forte demais,” Joana confessou. “Não sei se consigo vencê-lo.”

“Então nós vamos enfrentá-lo juntas,” Clara afirmou, segurando suas mãos.

As duas passaram dias bolando um plano. Clara sugeriu usar elementos que conectassem Joana à sua própria luz interior, enquanto tentavam isolar o intruso. Elas encontraram um espaço isolado, onde poderiam realizar o ritual — uma clareira na floresta, cercada por espelhos antigos que Clara conseguiu em um antiquário. As superfícies refletiriam tanto Joana quanto o intruso, forçando-o a encarar sua própria imagem.

Décima Primeira Parte: O Desfecho

Na noite marcada, Joana e Clara chegaram à clareira. Clara preparou os espelhos em um círculo, enquanto Joana acendia velas que tremeluziam como estrelas em um mar de sombras. O intruso não demorou a aparecer, sua forma pulsando com uma fúria quase tangível.

“Você trouxe ajuda?” ele zombou, sua voz cheia de escárnio. “Tão fraca que não pode me enfrentar sozinha?”

“Eu não estou sozinha,” Joana respondeu, sua voz firme. “E você vai descobrir que isso é sua fraqueza.”

Quando o ritual começou, o intruso rugiu, as sombras ao redor crescendo e se contorcendo. Por um momento, os espelhos refletiram apenas sua forma grotesca, multiplicando-o em dezenas de imagens aterrorizantes. Clara hesitou, e o intruso percebeu.

“Você acha que pode ajudar?” ele sussurrou, sua voz diretamente para Clara. “Você não entende o que ela esconde. Eu posso mostrar a verdade.”

Clara estremeceu, mas Joana gritou: “Não o ouça! Ele se alimenta do seu medo!”

O intruso tentou romper o círculo, mas Joana e Clara se mantiveram firmes. Então ele mudou de estratégia. As sombras avançaram sobre Clara, agarrando seu pulso. O olhar de pavor na amiga foi como uma facada no coração de Joana.

“Clara!” Joana gritou, sua voz reverberando na clareira. A vela que Clara segurava caiu, quase apagando a chama. Por um momento, tudo parecia desmoronar. “Solte-a!” Joana exigiu, correndo para Clara, mas as sombras pareciam indestrutíveis.

“Vocês não têm poder sobre mim,” o intruso declarou, sua voz triunfante. “Vocês acham que isso é coragem? É patético.”

Com um esforço supremo, Joana segurou as mãos de Clara e fechou os olhos, buscando uma força que nunca havia sentido antes. “Clara, concentre-se em mim,” ela disse. “Não deixe ele entrar.”

Clara respirou fundo, as sombras soltando seu pulso lentamente. Juntas, as duas canalizaram sua energia para o círculo. As velas voltaram a brilhar intensamente, e os espelhos começaram a refletir algo diferente: uma luz que vinha de dentro de Joana.

O intruso urrou, sua forma se desfazendo como fumaça ao vento. “Isso não é o fim,” ele sibilou, sua voz agora fraca, quase inaudível. “Eu sempre estarei à espreita.”

Mas Joana sabia que algo havia mudado. Ela e Clara haviam vencido, mesmo que o intruso deixasse um vestígio, uma memória. As sombras se dissiparam completamente, e as duas amigas caíram no chão, exaustas, mas aliviadas.

Por um momento, tudo ficou em silêncio. Então, os espelhos refletiram apenas Joana — inteira, tranquila. Ela sentiu as sombras dentro de si se aquietarem, não desaparecendo completamente, mas aceitando seu lugar.

Clara a abraçou, ambas exaustas, mas aliviadas. “Você conseguiu,” Clara sussurrou.

Joana assentiu. “Não sozinha. Nunca sozinha.”

E, com isso, elas deixaram a clareira, próximas como nunca, sabendo que a luz compartilhada entre elas havia sido o que realmente derrotara o intruso.