O Preço da Eternidade, Capítulo 17: A Evolução Interna do Movimento

O movimento contra Victor ganha força, mas tensões internas surgem. Clara lidera com firmeza, enquanto Vanessa busca redenção e apoio externo. Marcos planeja sabotagens, e Eduardo traz dados cruciais dos experimentos. Juntos, enfrentam dilemas éticos sobre destruir ou preservar a pesquisa.

Divisões Ideológicas

O crescimento do movimento trouxe consigo algo inevitável: as divergências. À medida que mais pessoas se uniam à causa, diferentes perspectivas começaram a surgir, refletindo não apenas os valores individuais, mas também os medos e esperanças de cada membro. O grupo, outrora unido por uma missão comum, agora enfrentava uma divisão crescente entre duas facções principais — os moderados e os radicais.

A Fação Moderada (A Favor da Cura)

Os moderados eram liderados por Vanessa, cuja visão sempre foi moldada pela possibilidade de redenção. Para eles, o problema não era a tecnologia em si, mas como Victor a utilizava. Eles argumentavam que, com regulamentação adequada e distribuição ética, os avanços científicos poderiam salvar milhões de vidas e aliviar sofrimentos ao redor do mundo.

Trecho do diário de Vanessa:

“Não podemos jogar fora tudo o que foi descoberto. Sim, Victor é um monstro, mas isso não significa que devemos destruir algo que pode ser usado para o bem. A cura existe. Nós precisamos apenas garantir que ela seja acessível para todos.”

Vanessa encontrou apoio em Eduardo, que, apesar de suas experiências traumáticas, via potencial na pesquisa. Ele passou a defender publicamente a ideia de criar um comitê independente de cientistas e bioeticistas para revisar os experimentos e determinar quais aspectos poderiam ser salvos.

Durante uma reunião tensa no galpão abandonado onde o grupo costumava se encontrar, Vanessa levantou sua voz com firmeza:

— Não somos terroristas. Somos idealistas. Se destruirmos tudo, estaremos repetindo os mesmos erros de Victor. Só que, desta vez, seremos nós os vilões.

Marcos permanecia em silêncio, analisando a discussão com olhos atentos. Ele não estava convencido, mas reconhecia que havia mérito nos argumentos dos moderados. Ainda assim, ele sabia que qualquer tentativa de preservar a tecnologia seria vista por Clara como uma traição aos princípios do movimento.

A Fação Radical (Contra a Cura)

Clara, por outro lado, liderava a facção radical com uma postura intransigente. Para ela, a tecnologia desenvolvida por Victor representava um risco existencial. Ela tinha vivido na pele os horrores dos experimentos e testemunhado os danos irreversíveis causados em tantas outras vidas. Para Clara, não havia meio-termo: a única maneira de garantir que ninguém mais sofresse era eliminando completamente a pesquisa.

Trecho do diário de Clara:

“Eles falam sobre salvar vidas, mas ignoram o custo. Quantas pessoas já morreram? Quantas famílias foram destruídas? Essa tecnologia não é uma cura; é uma arma. E armas não podem ser controladas. Elas só podem ser destruídas.”

Clara usava sua influência para mobilizar os membros mais jovens do grupo, aqueles que ainda carregavam cicatrizes frescas das atrocidades cometidas pela Lancellotti Futures. Durante as reuniões, ela frequentemente confrontava Vanessa, questionando suas intenções:

— Você realmente acredita que Victor vai permitir que alguém regule sua pesquisa? Ou está apenas tentando justificar o que fez no passado?

As palavras de Clara ecoavam nas mentes dos presentes, muitos dos quais ainda lutavam contra seus próprios fantasmas. Ela sabia que, para manter a unidade do grupo, precisava consolidar sua posição como líder absoluta. Mas, ao mesmo tempo, percebia que a divisão interna poderia enfraquecer o movimento antes mesmo que conseguissem alcançar seu objetivo final.

O Conflito Cresce

As tensões entre as facções ficaram evidentes durante uma operação planejada para sabotar um laboratório secundário da Lancellotti Futures. Enquanto Clara defendia a destruição total do local, Vanessa propôs uma abordagem mais cautelosa: roubar os dados e deixar o equipamento intacto, para que pudesse ser estudado posteriormente.

Marcos, tentando mediar o conflito, sugeriu um meio-termo:

— Podemos destruir parte do equipamento e levar os dados. Assim, ambos os lados ganham algo.

Mas Clara rejeitou imediatamente:

— Não há meio-termo aqui, Marcos. Ou estamos comprometidos com a destruição completa, ou estamos traindo nossa causa.

Vanessa respondeu, sua voz carregada de frustração:

— E o que você sugere, Clara? Que destruamos tudo sem pensar no futuro? Isso não é liderança; é fanatismo.

A discussão escalou rapidamente, com gritos abafados pelo som distante de máquinas industriais. No fim, o grupo decidiu seguir o plano de Clara — mas não sem ressentimentos.

Reflexões Individuais

Trecho do diário de Marcos:

“Clara e Vanessa são como dois polos opostos de um ímã. Ambas têm razão, mas também estão erradas. Clara vê o perigo real, enquanto Vanessa enxerga a esperança. Eu me pergunto se conseguiremos sobreviver a essa divisão.”

Trecho do diário de Eduardo:

“Às vezes, penso que Vanessa está certa. Talvez possamos salvar algo disso. Mas então eu vejo o olhar de Clara, e sei que ela nunca aceitará menos do que a destruição total. Estou preso entre dois mundos, e nenhum deles parece seguro.”

Próximos Passos

A divisão interna colocou o movimento em um ponto crítico. Enquanto Clara continuava a pressionar por ações mais agressivas, Vanessa trabalhava nos bastidores para construir alianças com organizações externas que pudessem ajudar a regulamentar a tecnologia.

No entanto, ambos os lados sabiam que o verdadeiro teste viria com o próximo grande ataque. Seria a oportunidade de provar qual facção estava certa — ou de destruir o movimento de vez.

Trecho do diário de Clara:

“Se vamos cair, cairemos lutando. Não há espaço para hesitação quando o destino da humanidade está em jogo.”

Trecho do diário de Vanessa:

“Talvez Clara esteja certa sobre Victor. Mas se destruirmos tudo, estaremos desperdiçando a chance de fazer algo bom. E eu não posso aceitar isso.”

Evolução do Movimento: Conflitos Internos

A tensão entre as facções dentro do movimento crescia como uma tempestade prestes a se desencadear. Clara Cardoso, líder de fato e símbolo da resistência contra Victor Lancellotti, sentia o peso das divergências filosóficas que ameaçavam fragmentar o grupo. Ela sabia que, enquanto eles brigavam entre si, Victor continuava impávido em sua busca por controle absoluto. Mas unir pessoas com visões tão diferentes era como tentar costurar um tecido rasgado com linhas finas demais.

A Fratura Aprofunda

Clara percebeu que as discussões não eram mais apenas sobre estratégias táticas ou operações específicas; elas haviam se tornado debates existenciais sobre o futuro da humanidade. Para os radicais, liderados por ela mesma, a tecnologia desenvolvida por Victor representava um perigo irreversível — algo que precisava ser erradicado completamente antes que causasse ainda mais danos. Já os moderados, liderados por Vanessa, viam potencial na pesquisa, acreditando que, se regulamentada corretamente, poderia trazer benefícios inestimáveis para a sociedade.

Trecho do diário de Clara Cardoso: “Tento mantê-los juntos, mas é como segurar areia nas mãos. Quanto mais aperto, mais escapa pelos dedos. Vanessa e seus seguidores enxergam esperança onde eu só vejo destruição. Como podemos lutar juntos quando nossos objetivos são opostos?”

O conflito atingiu seu ápice durante uma reunião no galpão abandonado onde o grupo frequentemente se reunia. As vozes elevaram-se rapidamente, e a frustração tomou conta do ambiente.

Vanessa, com calma calculada, argumentou: — Não estamos lutando contra a ciência, estamos lutando contra o abuso dela. Se pudermos democratizar essa tecnologia, garantir que todos tenham acesso, então talvez possamos salvar vidas ao invés de destruí-las.

Clara respondeu com firmeza, sua voz ecoando pela sala: — Você realmente acredita que Victor vai simplesmente entregar o que ele construiu? Essa tecnologia já mostrou seu verdadeiro rosto: dor, sofrimento e morte. Não há meio-termo aqui, Vanessa. Ou destruímos tudo, ou seremos consumidos por isso.

Marcos, sempre pragmático, tentou mediar: — Ambos têm razão, mas também estão errados. Precisamos encontrar uma forma de trabalhar juntos, mesmo que nossas visões sejam diferentes.

Mas nem mesmo suas palavras conseguiram acalmar os ânimos.

A Ação Independente

Foi nesse clima de tensão que alguns membros da facção moderada decidiram agir por conta própria. Encabeçados por Eduardo, que ainda carregava cicatrizes emocionais dos experimentos feitos em sua irmã, eles acreditavam que negociar diretamente com Victor seria a única maneira de garantir algum tipo de controle sobre a tecnologia.

Trecho do diário de Eduardo: “Eu sei que Clara diria que estamos sendo ingênuos, mas não posso aceitar que toda essa pesquisa seja jogada fora. Minha irmã sofreu, sim, mas e se pudermos evitar que outras pessoas passem pelo mesmo? Talvez haja uma chance de fazer algo bom disso.”

Sem informar Clara ou os outros líderes, Eduardo e um pequeno grupo de moderados marcaram um encontro secreto com representantes de Victor. Eles acreditavam que, ao demonstrar boa fé e apresentar propostas concretas de regulamentação, poderiam convencer o bilionário a abrir mão de parte de seu controle.

A Armadilha

O encontro ocorreu em um prédio comercial discreto, longe dos olhos do público. Os moderados chegaram confiantes, carregando documentos detalhados sobre como a tecnologia poderia ser distribuída de forma ética e acessível. No entanto, logo ficou claro que Victor não estava interessado em negociações.

Victor, sentado à cabeceira de uma mesa polida, observou os intrusos com um sorriso frio. — Vocês acham que podem me controlar? — ele disse, sua voz cortante como vidro. — Essa tecnologia é minha criação. Meu legado. Não existe ‘democratização’. Existe apenas obediência.

Os moderados foram cercados por seguranças antes mesmo de perceberem o que estava acontecendo. Victor confiscou os documentos e ordenou que Rômulo Salgado investigasse profundamente quem havia organizado a tentativa de negociação.

As Consequências

Quando Clara descobriu o que havia acontecido, sua frustração explodiu. — Eu avisei! — ela gritou durante uma reunião de emergência. — Avisei que Victor não é alguém com quem se possa negociar. Ele não quer diálogo; ele quer dominar.

Vanessa, embora envergonhada pela iniciativa fracassada, defendeu seus aliados: — Sim, foi um erro. Mas isso não significa que nossa causa esteja errada. Temos que continuar tentando encontrar outro caminho.

Marcos, tentando manter a calma, interveio: — O que importa agora é o que faremos a seguir. Victor sabe que estamos divididos. Ele vai usar isso contra nós.

Um Momento de Decisão

A divisão interna colocou o movimento em risco. Enquanto Clara insistia em intensificar os ataques contra a Lancellotti Futures, Vanessa propôs buscar apoio externo, incluindo organizações internacionais e figuras públicas que pudessem pressionar Victor politicamente.

Trecho do diário de Marcos: “Estamos em um ponto sem volta. Clara e Vanessa são como dois planetas em órbitas opostas, e nós estamos presos no meio. Se não encontrarmos uma maneira de conciliar essas visões, tudo o que construímos será destruído.”

O próximo passo seria crucial. O movimento precisava decidir se permaneceria unido, mesmo com suas diferenças, ou se se fragmentaria sob a pressão de Victor e seus métodos implacáveis.

Trecho do diário de Clara Cardoso: “Não sei quanto tempo mais conseguirei segurar isso. Mas uma coisa é certa: se cairmos, cairemos lutando. Não vou permitir que Victor vença.”