Arthur não conseguiu dormir naquela noite.
Depois que a viu sair do metrô, sua mente se recusava a descansar. Ele sentia como se tivesse cruzado um limiar invisível, como se algo tivesse mudado de forma irrevogável. O sorriso dela, aquele olhar cheio de promessas, não o deixavam em paz. Ele andava de um lado para o outro no pequeno apartamento, tentando afastar a sensação de que estava sendo observado.
O perfume dela ainda parecia pairar no ar, doce e enjoativo, como se estivesse impregnado em sua pele. Ele lavou o rosto, depois as mãos, mas não adiantou. Era como se ela estivesse ali, presente, mesmo na ausência.
Nos dias que se seguiram, Arthur começou a notar mais coisas estranhas. As pessoas ao seu redor pareciam diferentes. No metrô, passageiros que ele via todos os dias estavam mais silenciosos, mais distantes. Era como se o mundo ao redor tivesse perdido parte de sua textura, tornando-se uma sombra de si mesmo.
Mas ela estava lá. Sempre lá.
Arthur não conseguiu dormir naquela noite.
Depois que a viu sair do metrô, sua mente se recusava a descansar. Ele sentia como se tivesse cruzado um limiar invisível, como se algo tivesse mudado de forma irrevogável. O sorriso dela, aquele olhar cheio de promessas, não o deixavam em paz. Ele andava de um lado para o outro no pequeno apartamento, tentando afastar a sensação de que estava sendo observado.
O perfume dela ainda parecia pairar no ar, doce e enjoativo, como se estivesse impregnado em sua pele. Ele lavou o rosto, depois as mãos, mas não adiantou. Era como se ela estivesse ali, presente, mesmo na ausência.
Nos dias que se seguiram, Arthur começou a notar mais coisas estranhas. As pessoas ao seu redor pareciam diferentes. No metrô, passageiros que ele via todos os dias estavam mais silenciosos, mais distantes. Era como se o mundo ao redor tivesse perdido parte de sua textura, tornando-se uma sombra de si mesmo.
Mas ela estava lá. Sempre lá.
O mundo ao redor começou a mudar.
Arthur não conseguia dizer se era real ou uma alucinação, mas as luzes do metrô pareciam piscar, lançando sombras que se moviam de maneira errática. O som do vagão desapareceu, substituído por um silêncio que parecia engolir tudo.
Ela estendeu a mão, os dedos longos e delicados como se fossem esculpidos em mármore. Ele hesitou por um instante, mas, quando tocou a palma dela, algo dentro dele quebrou.
A sensação foi avassaladora. Era como se sua mente estivesse sendo puxada para fora do corpo, como se todas as memórias, todos os pensamentos que ele jamais tivera estivessem sendo arrancados e lançados ao vazio. Ele viu Clara por um momento, o rosto dela surgindo como uma imagem desbotada, e depois ela desapareceu, engolida pela presença esmagadora da mulher diante dele.
Ela sorriu, finalmente, e o sorriso era ao mesmo tempo devastador e cheio de ternura.
“Você tem tanto para me dar, Arthur. Tanta paixão. Tanta devoção.”
Ele não conseguiu responder. Sentia-se vazio, mas, ao mesmo tempo, preenchido por algo que não entendia. Não sabia se era dela ou dele.
Quando o metrô parou, Arthur percebeu que estava sozinho no vagão. A luz parecia mais fria, o som dos trilhos mais alto. Ele olhou ao redor, mas ela havia desaparecido. A única coisa que restava era o perfume dela, agora mais fraco, quase imperceptível.
Arthur desceu na estação e caminhou pelas ruas desertas como um fantasma. Sentia-se diferente, mas não sabia exatamente como. Era como se algo dentro dele tivesse sido arrancado e substituído por outra coisa.
Ele sabia que a veria novamente.
E, pela primeira vez, isso o aterrorizava.