A Virada na Negociação
Trecho do diário de Victor Lancellotti:
“Eles vieram até mim com suas palavras bonitas, mas eu vejo através de suas máscaras. Traição é um veneno que deve ser extirpado antes que se espalhe.”
O clima na sala mudou abruptamente quando Victor levantou-se de sua cadeira, seus olhos âmbar brilhando com uma intensidade que fez até os seguranças ao fundo ajustarem suas posições. Ele caminhou lentamente até a cabeceira da mesa, onde Sofia, Eduardo e Vanessa permaneciam sentados, tentando manter a compostura apesar do peso crescente da paranoia do bilionário.
— Vocês pensam que sou ingênuo — disse Victor, sua voz suave, mas carregada de uma ameaça inegável. — Acham que podem vir aqui, me oferecer uma “solução”, e eu simplesmente aceitarei?
Sofia tentou intervir, mas Victor ergueu a mão, silenciando-a com um gesto autoritário.
— Não. Chega de palavras. Vocês não estão aqui para negociar. Vocês estão aqui porque Clara Cardoso mandou. Ela acha que pode me enfraquecer antes de atacar. Mas ela subestimou quem eu sou.
Vanessa trocou um olhar rápido com Eduardo, ambos percebendo que algo estava prestes a acontecer. Antes que pudessem reagir, Victor virou-se para seus seguranças, posicionados discretamente nas laterais da sala.
— Prendam-nos — ordenou Victor, sua voz fria como gelo.
Os seguranças avançaram rapidamente, imobilizando Sofia, Eduardo e Vanessa antes que eles pudessem protestar. A tensão no ar era palpável, e o som das cadeiras sendo arrastadas ecoava como um prenúncio do que estava por vir.
Trecho do diário de Vanessa Mendes:
“Eu sabia que ele não confiava em nós, mas nunca imaginei que as coisas chegariam a esse ponto tão rápido. Quando os seguranças nos cercaram, senti meu coração afundar. Estávamos encurralados.”
Victor aproximou-se de Sofia, inclinando-se sobre ela enquanto os seguranças a mantinham firme.
— Então, Sofia… ou devo chamá-la de representante de Clara? — ele perguntou, seu tom sarcástico cortante como uma lâmina. — Onde está ela? Quem mais faz parte dessa conspiração?
Sofia manteve o olhar firme, mesmo com o peso da situação pressionando seus ombros.
— Não estamos aqui por Clara, Victor. Estamos aqui porque acreditamos que há outra maneira. Você está escolhendo ver traição onde não existe.
Victor riu, um som amargo e desdenhoso que ecoou pela sala.
— Outra maneira? — ele repetiu, sua voz gotejando de escárnio. — Vocês realmente acham que eu vou acreditar nisso? Essa proposta ridícula de um comitê global, supervisão internacional… É exatamente o tipo de distração que Clara usaria para me enfraquecer.
Eduardo tentou argumentar, sua voz firme apesar da situação desesperadora.
— Isso não tem nada a ver com Clara! Nós viemos aqui porque sabemos que sua pesquisa pode salvar vidas, mas não assim. Não às custas de tantas mortes.
Victor virou-se para ele, seus olhos faiscando com uma mistura de raiva e desdém.
— Salvando vidas? — ele zombou. — Vocês são tão patéticos quanto os outros. Pensam que podem me manipular com ideais nobres? Eu construí meu império com minhas próprias mãos, e ninguém vai tirá-lo de mim. Nem vocês, nem Clara, nem ninguém.
Trecho do diário de Eduardo Cardoso:
“Eu sabia que estávamos correndo um risco enorme ao vir aqui. Mas ver Victor transformar nossa proposta em uma acusação de traição foi devastador. Ele não estava apenas recusando nossa oferta; ele estava nos usando como exemplo.”
Victor andou até a janela, observando a cidade lá fora enquanto falava.
— Vocês querem transparência? Muito bem. Vou dar transparência. Vou mostrar ao mundo o que acontece com aqueles que ousam desafiar Victor Lancellotti.
Ele virou-se novamente para os prisioneiros, um sorriso frio dançando em seus lábios.
— Vocês serão minha prova de que traição não será tolerada. E, quem sabe, talvez isso convença Clara a sair das sombras.
Trecho do diário de Vanessa Mendes:
“Quando ele disse aquelas palavras, soube que havíamos cometido um erro terrível. Não apenas falhamos em convencê-lo, mas também entregamos informações valiosas sem perceber. Victor não estava apenas nos prendendo; ele estava nos usando como peões em sua guerra contra o movimento.”
Os seguranças começaram a retirar os membros da facção moderada da sala, mas Victor fez um gesto para que parassem por um momento. Ele caminhou até Vanessa, encarando-a com uma intensidade que a fez estremecer.
— Você… — ele disse, sua voz baixa, mas carregada de intenção. — Parece familiar. Já vi você antes, não é? Nos laboratórios?
Vanessa engoliu em seco, mas manteve o silêncio. Victor sorriu, como se soubesse algo que ela não havia revelado.
— Não importa. Logo, todos saberão quem vocês realmente são.
Com isso, os seguranças levaram Sofia, Eduardo e Vanessa embora, deixando Victor sozinho na sala. Ele voltou-se para Rômulo, que observava tudo em silêncio.
— Prepare tudo — ordenou Victor. — Vamos transformar isso em uma mensagem para o mundo.
Rômulo assentiu, mas havia um leve tremor em suas mãos. Ele sabia que Victor estava prestes a cruzar um limite do qual não haveria retorno.
Trecho do diário de Victor:
“Eles pensaram que poderiam me dividir. Me enfraquecer. Mas só provaram que sou mais forte do que qualquer conspiração. Agora, vou usar essa oportunidade para mostrar ao mundo o preço de desafiar Victor Lancellotti.”
Enquanto os membros da facção moderada eram levados para uma cela improvisada, Sofia percebeu algo estranho. Apesar da gravidade da situação, Victor parecia estar planejando algo maior. Algo que envolvia não apenas puni-los, mas também enviar uma mensagem ao movimento liderado por Clara.
Trecho do diário de Sofia Alvarez:
“Eu sabia que estávamos em perigo mortal. Mas havia algo nos olhos de Victor que me fez pensar que ele ainda não tinha terminado conosco. Ele estava tramando algo, algo que poderia mudar tudo.”
O destino dos moderados estava nas mãos de Victor, mas o bilionário ainda tinha planos para eles. Planos que iam além de simples prisão ou retaliação.
Liberação Estratégica
Trecho do diário de Victor Lancellotti:
“Eles pensaram que poderiam me manipular. Mas eu sou o mestre deste tabuleiro, e cada peça tem seu propósito. Mesmo quando os liberto, eles ainda servem ao meu jogo.”
Após dias de interrogatórios infrutíferos, Victor percebeu que os membros da facção moderada não entregariam informações valiosas sobre Clara Cardoso ou o movimento maior. Suas respostas eram evasivas, suas expressões cuidadosamente controladas. Eles haviam sido treinados para resistir à pressão, mas isso não significava que eram inúteis. Para Victor, até mesmo uma peça aparentemente derrotada podia ser usada estrategicamente.
Ele convocou Rômulo Salgado ao seu escritório, onde discutiram o próximo passo.
— Não conseguiremos nada mais deles — disse Victor, sua voz calma, mas carregada de intenção. — Mas isso não significa que devemos desperdiçá-los.
Rômulo ergueu uma sobrancelha, intrigado.
— O que tem em mente?
Victor sorriu, um gesto frio e calculado.
— Vamos libertá-los.
Rômulo hesitou, surpreso.
— Libertá-los? Senhor, isso é… arriscado. E se eles voltarem com reforços?
Victor balançou a cabeça, como se estivesse explicando algo óbvio para uma criança.
— Não vamos simplesmente soltá-los, Rômulo. Vamos transformá-los em mensageiros. Cada um deles será uma arma contra o movimento.
Trecho do diário de Vanessa Mendes:
“Eu sabia que algo estava errado quando as portas da cela se abriram. Ninguém nos libertaria sem um motivo oculto. Mas naquele momento, tudo o que senti foi alívio. Um erro que logo pagaria caro.”
Os membros da facção moderada foram reunidos em uma sala fria e estéril, onde Victor os aguardava com um sorriso enigmático. Ele caminhou lentamente ao redor deles, como um predador observando suas presas.
— Vocês falharam — disse ele, sua voz suave, mas cortante. — Tentaram me enganar, me manipular. Mas não importa. Vocês são irrelevantes.
Vanessa trocou um olhar rápido com Eduardo, ambos tentando entender o que estava acontecendo.
— No entanto — continuou Victor —, decidi que não vale a pena mantê-los aqui. Vocês não têm valor para mim como prisioneiros. Então, vou deixá-los ir.
Sofia franziu a testa, desconfiada.
— Por que está fazendo isso?
Victor riu, um som baixo e amargo.
— Porque posso. E porque sei que, mesmo livres, vocês ainda serão úteis.
Com um gesto, ele ordenou que seus seguranças conduzissem os prisioneiros para fora da sala. Antes que pudessem sair, no entanto, Rômulo apareceu com pequenas caixas metálicas nas mãos. Dentro delas, dispositivos minúsculos, quase invisíveis a olho nu.
— Uma precaução — explicou Victor, enquanto os seguranças implantavam os dispositivos nos membros da facção moderada. — Afinal, não podemos confiar em vocês.
Trecho do diário de Eduardo Cardoso:
“Eu senti algo frio tocar minha pele enquanto estávamos sendo liberados. Um dispositivo de rastreamento. Sabia que Victor não nos libertaria sem garantir que ainda pudesse nos usar. Mas não havia o que fazer. Estávamos nas mãos dele, mesmo fora da prisão.”
Após o procedimento, os membros da facção moderada foram escoltados para fora do complexo. Foram abandonados em uma área remota da cidade, longe de qualquer ajuda imediata. Assim que os seguranças partiram, Sofia, Eduardo e Vanessa começaram a avaliar a situação.
— Ele nos usou — disse Vanessa, sua voz tensa. — Esses dispositivos… ele vai nos rastrear.
Eduardo assentiu, preocupado.
— Precisamos removê-los. Agora.
Mas Sofia interrompeu, seu olhar fixo no horizonte.
— Esperem. E se isso for exatamente o que ele quer? E se remover os dispositivos for outra armadilha?
Trecho do diário de Sofia Alvarez:
“Cada movimento que fazíamos parecia parte de um plano maior de Victor. Ele não apenas nos libertou; ele nos transformou em jogadores involuntários de seu jogo. Qualquer passo em falso poderia selar nosso destino.”
Enquanto isso, Victor observava tudo de seu escritório, acompanhando os movimentos dos dispositivos de rastreamento em uma tela holográfica. Ele sorriu, satisfeito com o desenrolar de seu plano.
— Eles vão correr de volta para Clara — murmurou ele para si mesmo. — E quando o fizerem, ela estará esperando por eles.
Rômulo, parado ao lado de Victor, franziu a testa.
— Senhor, e se eles descobrirem os dispositivos antes de chegarem ao movimento?
Victor balançou a cabeça, despreocupado.
— Não importa. Mesmo que descubram, já terão levado minha mensagem. Além disso, enviei algo mais com eles. Algo que Clara e seus seguidores não esperam.
Trecho do diário de Victor Lancellotti:
“Não basta rastrear meus inimigos. Devo moldar suas ações, suas decisões. Plantei neles uma falsa sensação de vitória. Quando perceberem o que fiz, já será tarde demais.”
De volta ao grupo, Sofia percebeu algo estranho. Entre os pertences que Victor havia “devolvido” aos prisioneiros, havia documentos e arquivos digitais que pareciam conter informações valiosas sobre os laboratórios principais.
— Isso é uma isca — disse ela, analisando os arquivos. — Ele quer que levemos isso para Clara.
Vanessa franziu a testa.
— Mas por quê?
Sofia suspirou, sua expressão sombria.
— Para nos dividir ainda mais. Ou para nos levar diretamente para uma armadilha.
Trecho do diário de Vanessa Mendes:
“Agora entendemos o verdadeiro objetivo de Victor. Ele não nos libertou para nos dar uma chance. Ele nos libertou para nos transformar em armas contra nosso próprio movimento. Cada passo que damos nos leva mais perto do confronto final.”
Enquanto os membros da facção moderada debatiam o que fazer, Victor continuava monitorando seus movimentos, antecipando o próximo ataque. Ele sabia que Clara e seus aliados estavam prestes a cometer um erro fatal. E quando o fizessem, ele estaria pronto para atacar.
Trecho do diário de Victor Lancellotti:
“Eles pensaram que poderiam me enfraquecer. Mas, na verdade, estão me dando tudo o que preciso para destruí-los. Este jogo ainda não terminou. E quando chegar ao fim, serei o único vencedor.”
O destino dos membros da facção moderada estava selado. Eles haviam sido libertados, mas nunca realmente livres. Cada passo que davam era observado, cada decisão influenciada pelo bilionário que os manipulava como peças de xadrez.