O Preço da Eternidade, capítulo 7: Vanessa – A Redenção

Carregando o peso da culpa, Vanessa luta contra os fantasmas de suas escolhas. Em busca de redenção, ela deixa a segurança do anonimato para tentar reparar os erros do passado, encontrando forças para se juntar a uma nova causa.

Vanessa caminhava pelas ruas da cidade grande, uma paisagem vibrante e caótica. Carros buzinavam, luzes de néon piscavam nas vitrines, e multidões apressadas seguiam suas rotinas. Apesar do movimento incessante ao seu redor, tudo dentro dela permanecia estagnado. A culpa era sua sombra constante, um peso invisível que a seguia a cada passo.

Enquanto cruzava avenidas iluminadas, seu olhar se perdia nas reflexões das vitrines, onde via apenas um reflexo vazio. As memórias da traição que entregou Clara a Victor invadiam sua mente nos momentos mais inesperados: em uma esquina ao ouvir risos de estranhos ou no silêncio repentino de uma rua menos movimentada. Tentara se convencer de que não tinha outra escolha, mas as justificativas que antes pareciam racionais agora soavam ocas, ecoando em sua mente como gritos abafados.

Trecho do diário de Vanessa: “Não há noite em que eu consiga dormir sem reviver aquele momento. Clara me olhando, implorando por ajuda, enquanto eu entregava sua posição a Victor. Cada vez que fecho os olhos, vejo aquele corredor frio e escuto os passos dos seguranças se aproximando. Eu tentei me convencer de que não havia outra saída, mas isso não apaga o que fiz.”

Por muitas vezes, o cansaço físico a levava ao sono, mas o descanso nunca vinha verdadeiramente. Em seus sonhos, o mesmo pesadelo recorrente a perseguia sem trégua: Clara sendo arrastada pelos corredores frios da Lancellotti Futures, os olhos implorando por ajuda, enquanto a risada gélida de Victor ecoava como uma sentença final. Acordava ofegante, com o peito apertado, a realidade e o tormento onírico entrelaçados em uma angústia insuportável.

As horas de sono eram inquietas, marcadas por um pesadelo recorrente que a perseguia sem trégua. Em seus sonhos, ela estava de volta à Lancellotti Futures, assistindo Clara ser arrastada pelos corredores frios, os olhos implorando por ajuda, enquanto a risada gélida de Victor ecoava como uma sentença final. Acordava ofegante, com o peito apertado, a realidade e o tormento onírico entrelaçados em uma angústia insuportável.

A escuridão de seu quarto parecia intensificar a culpa que a envolvia como um manto pesado. Cada som distante da cidade, cada sombra projetada pelas luzes da rua, tornavam o espaço ainda mais opressor. Vanessa sabia que, mesmo acordada, não estava livre do que a assombrava.

Foi durante uma dessas noites que Vanessa decidiu que não podia mais viver assim. Era tarde demais para desfazer o que havia feito, mas talvez não fosse tarde para tentar algo diferente. Talvez houvesse uma forma de reparar parte do dano, de encontrar uma fagulha de redenção.

Vanessa começou pequeno. Primeiro, afastou-se do mundo que Victor havia criado para ela. Deixou seu emprego na Lancellotti Futures sem aviso, apagando qualquer traço que pudesse levar a ela. Em seguida, buscou refúgio em uma pequena cidade afastada, onde o mundo parecia se mover em outro ritmo.

Estradas desgastadas e com pouca sinalização conectavam a pequena cidade à metrópole próxima, permitindo que Vanessa permanecesse em contato indireto com o mundo que ela tentava deixar para trás. As ruas pavimentadas da cidade, embora esparsas, eram ladeadas por pequenos comércios familiares, fachadas desbotadas que contavam histórias de tempos mais prósperos. Os campos de cultivo ao redor ofereciam uma sensação de vastidão e solidão, enquanto o som distante de tratores trabalhava como um lembrete de que a vida ali seguia um ritmo mais lento.

No centro da cidade, uma praça modesta servia como ponto de encontro. Bancos de madeira um tanto desgastados cercavam uma fonte que há muito perdera sua graça, agora coberta por musgo. Crianças corriam pela área durante o dia, e à noite, as janelas iluminadas das casas ao redor projetavam sombras confortáveis contra a escuridão. Era uma cidade pequena o suficiente para que rostos se tornassem familiares rapidamente, mas também para que a presença de um forasteiro fosse notada.

Vanessa começou a buscar respostas nos detalhes que lembrava dos experimentos e dos arquivos que conseguira acessar antes de sua fuga. Cada fragmento de informação era uma pista para entender o que haviam feito com ela e, talvez, como ela poderia usar isso a seu favor.

Uma noite, enquanto vasculhava arquivos antigos, Vanessa encontrou um nome que a fez pausar: Clara Cardoso. Havia registros de monitoramento após sua fuga, relatórios vagos sobre avistamentos e especulações sobre seu paradeiro. Aquilo acendeu algo em Vanessa. Clara estava viva. E se estivesse viva, talvez houvesse uma chance de se reconectar, de ajudar de alguma forma.

Trecho do diário de Vanessa: “Há algo terrivelmente errado em ler essas palavras. São frias, calculadas, como se as pessoas fossem apenas números. Victor criou um inferno e eu fui uma das engrenagens. Não sei como apagar o que fiz, mas sei que não posso mais ignorar.”

E assim, a jornada de Vanessa para a redenção começou de verdade. Não seria fácil, e ela sabia que talvez nunca fosse suficiente. Mas, pela primeira vez em muito tempo, ela tinha um objetivo claro: encontrar Clara, não apenas para pedir perdão, mas para fazer algo que realmente importasse.

Vanessa começou a usar suas habilidades de infiltração e planejamento para obter informações sobre os laboratórios ainda ativos da Lancellotti Futures. Ela infiltrava-se em conversas, usava suas conexões antigas e coletava dados cruciais que poderiam ajudar Clara e o grupo opositor.

Trecho do diário de Vanessa: “Cada passo que dou é um passo rumo à redenção. Sei que nunca poderei apagar o que fiz, mas talvez possa ajudar a impedir que mais pessoas sofram como Clara sofreu. Isso é o mínimo que devo a ela.”

Finalmente, Vanessa conseguiu localizar Clara. Após semanas de busca cuidadosa, ela encontrou a antiga colega em uma casa abandonada nos limites da cidade. O reencontro foi tenso, mas necessário. Vanessa sabia que precisava provar sua lealdade, e Clara, embora hesitante, viu algo genuíno nos olhos da ex-enfermeira.

Trecho do diário de Vanessa: “Eu a vi, e soube que este era o momento que eu esperava. Não vim aqui para ser perdoada; vim aqui para ajudar. Se Clara pode lutar contra Victor, então eu também posso.”

Com o passar dos dias, Vanessa provou seu valor ao grupo. Sua habilidade de infiltração, sua capacidade de planejar rotas discretas e obter informações tornaram-se vitais. Aos poucos, Clara começou a confiar nela novamente, embora sem expressar isso abertamente.

Trecho do diário de Clara Cardoso: “Vanessa mudou. Há algo diferente nela, algo que eu não esperava ver. Ela carrega o peso do que fez, mas também a determinação de corrigir seus erros. Talvez ela seja mais forte do que pensávamos.”

Vanessa estava pronta para lutar, não apenas por si mesma, mas por todos aqueles que haviam sido silenciados. Ela sabia que o caminho seria difícil, mas também sabia que não havia outra escolha.